Bem diferente é o verdadeiro ciumento. Tem-se dificuldade de imaginar os compromissos e a indulgência de que alguns são capazes. Os ciumentos são os primeiros a perdoar, todas as mulheres sabem disso. Perdoariam (após uma cena terrível, bem entendido) uma traição quase flagrante, os abraços e beijos de que foram testemunhas, se fosse a derradeira vez, se seu rival desaparecesse, partisse para o fim do mundo e eles mesmos partissem com a bem-amada para um lugar onde ela não tornaria a encontrar mais o outro. A reconciliação, naturalmente, não é senão de curta duração, porque na ausência de um rival o ciumento inventaria um segundo. Ora, que vale tal amor, objeto de uma vigilância incessante? Mas um verdadeiro ciumento não o compreenderá nunca.
[Os irmãos Karamazov, Dostoievski]
[Os irmãos Karamazov, Dostoievski]
Nenhum comentário:
Postar um comentário