28.2.08
23.2.08
Murmúrio
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!
[Murmúrio, Cecília Meireles]
22.2.08
20.2.08
14.2.08
Estranheza do mundo
está aí para quê?
O mundo é sem sentido
quanto mais vasto é.
Esta pedra esta folha
este mar sem tamanho
fecham-se em si, me
repelem.
Pervago em um mundo estranho.
Mas em meio à estranheza
do mundo, descubro
uma nova beleza
com que me deslumbro:
é teu doce sorriso
é tua pele macia
são teus olhos brilhando
é essa tua alegria.
Olho a árvore e já
não pergunto "para quê"?
A estranheza do mundo
se dissipa em você.
[Estranheza do Mundo, Ferreira Gullar]
11.2.08
Te Amo!
Meu amor por você mãe, não tem comparações!
Meu coração te guarda com todo carinho!
Você está para a minha vida, como o sol está para as flores...
Como a liberdade de voar está para os pássaros...
E como a luz está para as estrelas...
Seu coração é fonte de bondade, de carinho, compreensão e de amor perfeito, que
só as mãos de Deus podem abençoar!
Todos os dias nascem em sua homenagem mãe!
Mas este dia, marca a sua linda história de vida: é o seu aniversário!
[Desconheço o autor]
8.2.08
Os teus pés

Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.
Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.
Eu sei que te sustentam e que
teu doce peso sobre eles se ergue.
Tua cintura e teus seios,
a duplicada púrpura dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos que há pouco levantaram vôo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira, pequena torre minha.
Mas se amo os teus pés é só porque
andaram sobre a terra e
sobre o vento e sobre a água,
até me encontrarem.
[Os teus pés, Pablo Neruda]
6.2.08
Soneto de quarta-feira de cinzas
Em tão doce surpresa conquistada
Por seres uma branca criatura
De uma brancura de manhã raiada
Por seres de uma rara formosura
Malgrado a vida dura e atormentada
Por seres mais que a simples aventura
E menos que a constante namorada
Porque te vi nascer de mim sozinha
Como a noturna flor desabrochada
A uma fala de amor, talvez perjura
Por não te possuir, tendo-te minha
Por só quereres tudo, e eu dar-te nada
Hei de lembrar-te sempre com ternura.
[Soneto de quarta-feira de cinzas, Vinícius de Moraes]
5.2.08
Bandeira Branca
1.2.08
O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
[O teu riso, Pablo Neruda]