30.4.07

Os amantes


Os amantes, em geral,
passam noites inteiras
inquieteos e ansiosos
- também eu.

Os amantes, em geral,
choram sobre as cartas,
dão telefonemas aflitos
- como eu

Os amantes, em geral,
passam horas figurando
o corpo amado,

curvas, gestos, preferências
- como eu.

Os amantes em geral,
são patetas, maus estetas,
fazem versos ruins
e se chamam poetas

- como eu.


[Os amantes, Affonso de Sant'Anna]

29.4.07

O que quer que seja, não conte a ninguém. Não conte às pessoas quem você é, o que você deseja, o que você quer ser. Deixe que descubram quando tarde for. Nossos sonhos e aspirações não têm a grandeza para o mundo que têm para cada um de nós. O mundo quer ver, enquanto queremos apenas sentir. Muitas pessoas não estão vendo o que nós mostramos.
A verdade leva tempo e somente as pessoas sensíveis e que realmente se importam tendem a nos olhar com profundidade. Esperemos a nossa hora, a nossa vez, porque ela chega. Enquanto isso, sejamos apenas transparentes. Isso já nos torna grandes.

[Izabela Veloso]

28.4.07

A ternura, mesmo desnudada,
tende a criar ternura verdadeira
por parte do outro, e a tornar verdadeira
a ternura que o primeiro simula...

[Millôr]

27.4.07

Para viver um grande amor

Para viver um grande amor,
Preciso é muita concentração e muito siso,
Muita seriedade e pouco riso
- Para viver um grande amor
Para viver um grande amor, mister é ser
Um homem de uma só mulher;
Pois de muitas, poxa!
É de colher...
- Não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor,
Primeiro é preciso
Sagrar-se cavalheiro
E ser de sua dama por inteiro
- Seja lá como for.

Há que fazer do corpo uma morada
Onde clausure-se a mulher amada
E postar-se de fora com uma espada
- Para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo,
É preciso atenção como o "velho amigo"
Que porque é só vos quer sempre
Consigo para iludir o grande amor.

É preciso muitíssimo cuidado
Com quem quer que não
Esteja muito apaixonado,
Pois quem não está,
Está sempre preparado
Pra chatear o grande amor.

Para viver um grande amor, na realidade,
Há que compenetrar-se da verdade de que
Não existe amor sem fieldade
- Para viver um grande amor.

Pois quem trai seu amor por uma vanidade
É desconhecedor da liberdade,
Dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, "il faut", além de ser fiel,
Ser bem conhecedor de arte culinária e judô
- Para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito,
Não basta ser apenas um bom sujeito;
É preciso também ter muito peito
- Peito de remador.

É preciso olhar sempre a bem-amada
Como a sua primeira namorada e
Sua viúva também,
Amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista
Um crédito de rosas na florista
- Muito mais, muito mais que na modista!
- Para aprazer o grande amor.

Pois do que o grande amor quer saber
Mesmo, é de amor, é de amor,
De amor a esmo; depois, um tutuzinho
Com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos,
Camarões, sopinhas, molhos, estrogonofes
- Comidinhas para depois do amor.

E o que há de melhor que ir pra cozinha
E preparar com amor uma galinha
Com uma rica e gostosa farofinha,
Para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito,
Muito importante viver sempre junto
E até ser, se possível, um só defunto
- Pra não morrer de amor.

É preciso um cuidado permanente
Não só com o corpo mas também com a mente,
Pois qualquer "baixo" seu, a amada sente
- E esfria um pouco o amor

Há que ser bem cortês sem cortesia;
Doce e conciliador sem covardia;
Saber ganhar dinheiro com poesia
- Para viver um grande amor

É preciso saber tomar uísque
(com mau bebedor nunca se arrisque!)
E ser impermeável ao diz-que-diz-que
- Que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada,
Se nesta "selva oscura" e desvairada
Não se souber achar a bem-amada
- Para viver um grande amor

[Para viver um grande amor, Vinícius de Moraes]

Apagamento

E a saudade foi sepultada:
Amarraram-lhe as mãos e pés
Com a faixa do exílio voluntário
No país dos afetos não correspondidos
(...)
deve ser mesmo incinerada essa saudade.

[Apagamento, Vilca Marlene Vieira]

26.4.07

duas folhas na sandália
o outono
também quer andar

[Paulo Leminski]

Igual - Desigual

Eu desconfiava:
Todas as histórias em quadrinhos são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os "best-sellers" são iguais.
Todos os campeonatos nacionais e
internacionais de futebol são iguais.
Todos os partidos políticos são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda são iguais.
Todas as experiências de sexo são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas,
e rondóis são iguais
e todos, todos os poemas em verso livre
são enfadonhamente iguais.
Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais, iguais, iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a
nenhum outro homem, bicho ou coisa.
Não é igual a nada.
Todo ser humano é um estranho
ímpar.

[Igual - Desigual, Drummond]
A lua e o sol
nunca se encontravam
assim andava este casal.

25.4.07

A gente pode se sentir só,
mesmo no meio de muita gente,
se souber que não ocupa um lugar
especial no coração de alguém.

[Anne Frank]

24.4.07

Haikaneando você...

I
Te vejo
Meu coração sorri
Relampejo

II
Seus olhos
Nos meus olhos
Eternidade

III
Sussurros
Voz no ouvido
Saudades

IV
Ouço
O que você não diz com a boca
Fico louca

V
Leio mensagens
Nas entrelinhas do seu olhar
Miragem?

VI
Distância
Liberta o corpo
Aprisiona a alma

VII
Sua voz
Desperta em mim sabores e perfumes
Fome

[Desconheço o autor]

Berimbau

Quem é homem de bem não trai
O amor que lhe quer seu bem
Quem diz muito que vai, não vai
Assim como não vai, não vem
Quem de dentro de si não sai
Vai morrer sem amar ninguém
O dinheiro de quem não dá
É o trabalho de quem não tem
Capoeira que é bom não cai
Mas se um dia ele cai, cai bem
Capoeira me mandou dizer que já chegou
Chegou para lutar
Berimbau me confirmou vai ter briga de amor
Tristeza camará

Se não tivesse o amor
Se não tivesse essa dor
E se não tivesse o sofrer
E se não tivesse o chorar
Melhor era tudo se acabar

Eu amei, amei demais
O que eu sofri por causa de amor ninguém sofreu
Eu chorei, perdi a paz
Mas o que eu sei é que ninguém nunca teve mais, mais do que eu

Capoeira me mandou dizer que já chegou
Chegou para lutar
Berimbau me confirmou vai ter briga de amor
Tristeza camará

[Berimbau, Baden Powell e Vinícius de Moraes]

23.4.07

Se ela quisesse

Se ela tivesse a coragem de morrer de amor
Se não ela soubesse que a paixão traz sempre muita dor
Se ela me desse toda devoção da vida
Num só instante sem momento de partida
Pudesse ela me dizer o que eu preciso ouvir
Que o tempo insiste
Porque existe um tempo que há de vir
Se ela quisesse, se tivesse essa certeza
De repente que beleza
Ter a vida assim ao seu dispor
Ela veria, saberia, que doçura
Que delícia, que loucura
Como é lindo se morrer de amor!

[Se ela quisesse, Vinícius de Moraes]

22.4.07



Eu tenho
me apaixonado
muito menos
do que deveria.

Intimidade...

Houve um tempo, crianças, em que a gente não falava de sexo
como quem fala
de um pedaço de torta. Ninguém dizia Fulano
comeu Beltrana, assim, com essa
vulgaridade. Nada disso.
Fulano tinha dormido com ela. Era este o verbo. O
que os dois
tinham feito antes de dormir, ou ao acordar, ficava

subentendido. A informação era esta, dormiram juntos, ponto.
Mesmo que eles
não tivessem pregado o olho nem por um instante.

Lembrei desta expressão ao assistir Encontros e Desencontros.
No filme,
Bill Murray e Scarlett Johansson fazem o papel de
dois americanos que
hospedam-se no mesmo hotel em
Tóquio e têm em comum a insônia e o
estranhamento: estão
perdidos no fuso horário, na cultura, no idioma, e
precisando
com urgência encontrar a si mesmos. Cruzam-se no bar.
Gostam-se.
Ajudam-se. E acabam dormindo juntos.
Dormindo mesmo. Zzzzzzzzzzz.


A cena mostra ambos deitados na mesma cama, vestidos,
conversando, quando
começam a apagar lentamente, vencidos
pelo cansaço. Antes de sucumbir ao
mundo dos sonhos,
ele ainda tem o impulso de tocar nela, que está ao seu
lado,
em posição fetal. Pousa, então, a mão no pé dela, que está
descalço.
E assim ficam os dois, de olhos fechados, capturados
pelo sono, numa
intimidade raramente mostrada no cinema.

Hoje, se você perguntar para qualquer pré-adolescente o que
significa se
divertir, ele dirá que é beijar muito.
Fazer campeonato de quem pega mais.
Beijar quatro, sete, treze.
Quebram o próprio recorde e voltam pra casa
sentindo um
vazio estúpido, porque continuam sem a menor idéia do que
seja
um encontro de verdade, reconhecer-se em outra pessoa,
amar alguém
instintivamente, sem planejamento.
Estão todos perdidos em Tóquio.


Intimidade é coisa rara e prescinde de instruções. As revistas
podem até
fazer testes do tipo: "descubra se vocês são íntimos,
marque um xis na
resposta certa", mas nem perca seu tempo,
a intimidade não se presta a
fórmulas, não está relacionada a
tempo de convívio, é muito mais uma
comunhão instantânea e
inexplicável. Intimidade é você se sentir tão à

vontade com outra pessoa como se estivesse sozinho.
É não precisar
contemporizar, atuar, seduzir.
É conseguir ir pra cama sem escovar os
dentes, é esquecer
de fechar as janelas, é compartilhar com alguém um

estado de inconsciência.
Dormir juntos é muito mais íntimo que sexo.


[Martha Medeiros]

21.4.07

Sob Medida

É assim que são as canções de Chico, letra e música

em equilíbrio perfeito. Impossível escutar Chico sem

entrar na "viagem" gostosa que a harmonia da

composição instrumental nos proporciona, ao mesmo

tempo em que suas letras nos fazem voltar ao chão,

densas, de uma realidade frágil e determinada,

de revoltas e alegrias, de impulsos e paixões...

Chico sabe "brincar" de um lado ao outro dos

sentidos e sentimentos sem exaltar um mais que

o outro, sua obra possui a dose certa,

a medida exata.

"Sob Medida" foi composta para o filme

República dos Assassinos de Miguel Faria Jr., em 1979


Se você crê em Deus

Erga as mãos para os céus

E agradeça

Quando me cobiçou

Sem querer acertou

Na cabeça

Eu sou sua alma gêmea

Sou sua fêmea

Seu par, sua irmã

Eu sou seu incesto (seu jeito, seu gesto)

Sou perfeita porque

Igualzinha a você

Eu não presto

Eu não presto

Traiçoeira e vulgar

Sou sem nome e sem lar

Sou aquela

Eu sou filha da rua

Eu sou cria da sua

Costela

Sou bandida

Sou solta na vida

E sob medida

Pros carinhos seus

Meu amigo

Se ajeite comigo

E dê graças a Deus

Se você crê em Deus

Encaminhe pros céus

Uma prece

E agradeça ao Senhor

Você tem o amor

Que merece


[Sob Medida, Chico Buarque]

Consciência

Quando me pergunto quem sou eu,
sou o que pergunta ou o que não sabe a resposta?

[Geraldo Eustáquio]

20.4.07

Relicário

É uma índia com colar
A tarde linda que não quer se pôr
Dançam as ilhas sobre o mar
Sua cartilha tem o A de que cor?

O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou

E são dois cílios em pleno ar
Atrás do filho vem o pai e o avô
Como um gatilho sem disparar
Você invade mais um lugar
Onde eu não vou

O que você está fazendo?
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo?
Um relicário imenso deste amor

Corre a lua porque longe vai?
Sobe o dia tão vertical
O horizonte anuncia com o seu vitral
Que eu trocaria a eternidade por esta noite

Porque está amanhecendo?
Peço o contrario, ver o sol se por
Porque está amanhecendo?
Se não vou beijar seus lábios quando você se for

Quem nesse mundo faz o que há durar
Pura semente dura: o futuro amor
Eu sou a chuva pra você secar
Pelo zunido da suas asas você me falou
O que está dizendo?
Milhões de frases sem nenhuma cor, ôôôô...
O que você está dizendo?
Um relicário imenso deste amor

O que você está dizendo?
O que você está fazendo?
Porque que está fazendo assim?
...está fazendo assim?

[Relicário, Nando Reis]

Fale baixinho...

Alto deve ser o valor de suas idéias, não o volume de sua voz...
O mundo ouve mais quem fala baixo, mas pensa alto...
Enquanto Hitler gritava bastante...
Ghandi falava baixo.
Chaplin fazia cinema mudo.
Cristo não levantava a voz...
Fale baixinho...
Mostre que seu pensamento caminha além de sua voz...

[Desconheço o autor]

Quintaneando

Biografia
Era um grande nome — ora que dúvida! Uma verdadeira glória.
Um dia adoeceu, morreu, virou rua... E continuaram a pisar em cima dele.

Dupla Delícia

O livro traz a vantagem de a gente poder estar só
e ao mesmo tempo acompanhado.

Tempo
Coisa que acaba de deixar a querida leitora um pouco mais velha ao chegar ao fim desta linha.

Intrusão
O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente...

Dos Tipos Humanos
Os extrovertidos são julgados normais. Quanto aos introvertidos, chegam a submetê-los a tratamento. Mas para curá-los de quê? De não poderem ser chatos, como os outros?

[Mário Quintana]

19.4.07

Nostalgia...




Foram tempos felizes
...

e continuam sendo
até hoje.

Eu, modo de usar

Delícia a gente (quase) se encontrar em um poema.

Pode invadir ou chegar com delicadeza,

mas não tão devagar que me faça dormir.
Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar.
Acordo pela manhã com ótimo humor mas...
permita que eu escove os dentes primeiro.
Toque muito em mim, principalmente nos cabelos
e minta sobre minha nocauteante beleza.

Tenho vida própria, me faça sentir saudades,
conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas
e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando
este tipo de herança de seus pais.
Viaje antes de me conhecer,
sofra antes de mim para reconhecer-me um porto,
um albergue da juventude.
Eu saio em conta, você não gastará muito comigo.
Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras,
elas serão raras e sempre por uma boa causa.
Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e,
não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada.
(Então fique comigo quando eu chorar, combinado?)

Seja mais forte que eu e menos altruísta!
Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça,
gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço.
Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto:
boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado,
você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade.

Leia, escolha seus próprios livros, releia-os.
Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos.
Seja um pouco caseiro e um pouco da vida,
não de boate que isto é coisa de gente triste.
Não seja escravo da televisão, nem xiita contra.
Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai.
Escolha um papel para você que ainda não
tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.
Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa,
uma louca que ache graça em tudo que rime com louca:
loba, boba, rouca, boca...
Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal.
Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa,
apresentar sua família... isso a gente vê depois... se calhar...
Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora.

Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres,
tenha amigos e digam muitas bobagens juntos.
Não me conte seus segredos... me faça massagem nas costas.
Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções.
Me rapte!

Se nada disso funcionar... experimente me amar!


[Eu, modo de usar; Martha Medeiros]

um dia desses...

Um dia desses, eu separo um tempinho e
ponho em dia todos os choros que não tenho
tido tempo de chorar

[Carlos Drummond de Andrade]

18.4.07

Tendo a Lua

Nada melhor que ouvir uma
canção que "renova" de alguma
forma as lembrança...
Pra mim é assim que "Tendo a Lua"
de Tetê Tillett e Herbert Vianna
entra na minha alma, gostosa,
romântica, e tranquilizadora.
Por mais que a gente tente acertar,
sempre um "errinho" ficou para trás,
mas sempre é tempo de "limpar"
a alma e o coração de lembranças
que não nos fazem tanto bem assim.

Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias, gente que foi embora
A casa fica bem melhor assim

O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu
E lendo os teus bilhetes eu penso no que fiz
Querendo ver o mais distante sem saber voar
Desprezando as asas que você me deu

Tendo a Lua aquela gravidade
Aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares
Mas de bailarinos e de você e eu

Eu hoje joguei tanta coisa fora
E lendo os teus bilhetes eu penso no que eu fiz
Cartas e fotografias, gente que foi embora
A casa fica bem melhor assim

Tendo a Lua...


[Tendo a lua, Tetê Tillett e Herbert Vianna]

17.4.07

Ne me quitte pas

"Ne Me Quitte Pas" é uma melodia maravilhosa e romântica, feita em 1959 pelo belga Jacques Brel. É uma canção que toca no fundo da alma, dessas que a gente sente como se um pedacinho da nossa vida se encaixasse em sua letra, a flauta do início e o piano ao fundo nos levam a uma viagem delicada e nostálgica...

Ne me quitte pas
Não me deixes
Il faut oublier

É preciso esquecer
Tout peut oublier

Tudo se pode esquecer
Qui s'enfuit dejà

Que já ficou para trás
Oublier le temps

Esquecer o tempo
Des malentendus
Dos mal-entendidos
Et el temps perdu
Esquecer o tempo perdido
A savior comment

A querer saber como
Oublier ces heures

Esquecer essas horas
Qui tuaient parfois

Que de tantos porquês
A coups du porquoi

Por vezes matavam
Le couer du bonheur
a íntima felicidade
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas

Não me deixes
Moi je t' offrirai

Te oferecerei
Des perles de pluie

Pétalas de chuva
Venues de pays

Vindas de países
Où il ne pleute pas
Onde nunca chove
Je cruserai la terre

Escavarei a terra
Jusqu'après ma mort

Até depois da morte
Pour couvrir ton corps

Para cobrir teu corpo
D'or et de lumière

Com ouro, com luzes
Je ferai un domaine

Criarei um império
Où l'amour sera roi
Onde o amor será rei
Où l'amour sera loi

Onde o amor será lei
Où tu seras reine

E você a rainha
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas

Não me deixes
Je t' inventerai

Te inventarei
Des mosts insensés

Palavras absurdas
Que tu comprendas

Que você compreenderá
Je te parlerai

Te falarei
De ces amants-là

Daqueles amantes
Qui ont vu deux fois

Que viram de novo
Leurs coeurs s'embraser

Seus corações ateados
Je te reconterai

Te contarei
L' historie de ce roi

A história daquele rei
Mort de n' avior pas

Que morreu por não ter
Pu te recontrer

Podido te conhecer
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas
Não me deixes
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas

Não me deixes
On a vu souvent rejalilir le feu

Quantas vezes não se reacendeu o fogo
D'un ancient volcan

Do antigo vulcão
Qu'on croyait trop vieux
Que julgávamos velho
Il est parâit-il

E há quem fale
De terres brûlées

De terras queimadas
Donnant plus de blé

A produzir mais trigo
Qu'en meilleur avril

Que a melhor primavera
Et quand vient le soir

E quando a tarde cai
Pour qu'un ciel flamboie

Vê como
Le rouge et le noir

O vermelho e o negro
Ne s'épousent-ils pas

Se casam para que o ceú se inflame
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas

Não me deixes
Je ne vais plus pleurer
Não vou chorar mais
Je ne vais plur parler

Não vou falar mais
Je me cacherai là

Escondo-me aqui
A te regarder

Para te ver
Danser et sourire

Dançar e sorrir
Et à t' ecouter

Para te ouvir
Chanter et puis rire
Cantar e rir
Laisse-moi devenir

Deixa-me ser
L'ombre de ton ombre

A sombra da tua sombra
L'ombre de ta main

A sombra da tua mão
L'ombre de ton chien

A sombra do teu cão
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas

Não me deixes
Ne me quitte pas
Não me deixes.

[Ne Me Quitte Pas, Jacques Brel]

Pensando Alto

Surgiu, assim do nada,
uma nova idéia de comunicação,
como todas as coisas no mundo
fluem, brotam, aparecem e surgem...
Uma nova idéia de exposição,
uma nova idéia de relaxamento,
de desabafo, de brincadeira,
de coisa séria...
Metade achando graça,
outra metade sem jeito,
vontade de vir pra ficar,
se não der certo sair,
mas sempre com a certeza
de que tentar é o melhor.
Boas vindas a mim, à você,
às palavras, às idéias,
aos sentidos, aos gostos,
às energias, à tudo que vir...
Viva uma nova idéia,
viva um novo começo...