8.2.08

Os teus pés


Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.
Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.
Eu sei que te sustentam e que
teu doce peso sobre eles se ergue.
Tua cintura e teus seios,
a duplicada púrpura dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos que há pouco levantaram vôo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira, pequena torre minha.
Mas se amo os teus pés é só porque
andaram sobre a terra e
sobre o vento e sobre a água,
até me encontrarem.

[Os teus pés, Pablo Neruda]

Um comentário:

Panda disse...

Eu até posso ter a mente suja, mas esses caras só escrevem putaria ...