28.2.08

A memória do coração elimina as más lembranças
e enaltece as boas, e graças a esse artifício conseguimos suportar o passado.

[Gabriel García Márquez]

27.2.08

Por que é desaconselhável perder a cabeça?
Porque então a gente é sincero.

[Cesare Pavese]

23.2.08

Murmúrio

Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.

Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!

[Murmúrio, Cecília Meireles]

22.2.08

A amizade é um meio de nos isolarmos da
humanidade cultivando algumas pessoas.


[Carlos Drummond de Andrade]

20.2.08

Não há como a paixão do amor para
fazer original o que é comum,
iluminado o que é sombrio e
novo o que morre de velho.

[Machado de Assis]

14.2.08

Estranheza do mundo

Olho a árvore e indago:
está aí para quê?
O mundo é sem sentido
quanto mais vasto é.
Esta pedra esta folha
este mar sem tamanho
fecham-se em si, me
repelem.
Pervago em um mundo estranho.
Mas em meio à estranheza
do mundo, descubro
uma nova beleza
com que me deslumbro:
é teu doce sorriso
é tua pele macia
são teus olhos brilhando
é essa tua alegria.
Olho a árvore e já
não pergunto "para quê"?
A estranheza do mundo
se dissipa em você.

[Estranheza do Mundo, Ferreira Gullar]

13.2.08

De vez em quando você tem que fazer uma pausa
e visitar a si mesmo.

[Audrey Giorgi]

11.2.08

Mãe, Feliz Aniversário!
Te Amo!

Meu amor por você mãe, não tem comparações!
Meu coração te guarda com todo carinho!
Você está para a minha vida, como o sol está para as flores...
Como a liberdade de voar está para os pássaros...
E como a luz está para as estrelas...
Seu coração é fonte de bondade, de carinho, compreensão e de amor perfeito, que
só as mãos de Deus podem abençoar!
Todos os dias nascem em sua homenagem mãe!

Mas este dia, marca a sua linda história de vida: é o seu aniversário!

[Desconheço o autor]

9.2.08

O amor livre recuou diante dos
instintos pré-históricos do ciúme.

[Marcelo Coelho]

8.2.08

Os teus pés


Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.
Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.
Eu sei que te sustentam e que
teu doce peso sobre eles se ergue.
Tua cintura e teus seios,
a duplicada púrpura dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos que há pouco levantaram vôo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira, pequena torre minha.
Mas se amo os teus pés é só porque
andaram sobre a terra e
sobre o vento e sobre a água,
até me encontrarem.

[Os teus pés, Pablo Neruda]

6.2.08

Soneto de quarta-feira de cinzas

Por seres quem me foste, grave e pura
Em tão doce surpresa conquistada
Por seres uma branca criatura
De uma brancura de manhã raiada

Por seres de uma rara formosura
Malgrado a vida dura e atormentada
Por seres mais que a simples aventura
E menos que a constante namorada

Porque te vi nascer de mim sozinha
Como a noturna flor desabrochada
A uma fala de amor, talvez perjura

Por não te possuir, tendo-te minha
Por só quereres tudo, e eu dar-te nada
Hei de lembrar-te sempre com ternura.

[Soneto de quarta-feira de cinzas, Vinícius de Moraes]

5.2.08

Bandeira Branca



Bandeira branca, amor
Não posso mais.
Pela saudade
Que me invade eu peço paz.
Saudade, mal de amor, de amor
Saudade, dor que dói demais
Vem, meu amor
Bandeira branca eu peço paz.


[Bandeira Branca, Laercio Alves]

1.2.08

O teu riso


Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

[O teu riso, Pablo Neruda]